A divisão da península coreana ao longo do paralelo 38º surge no final da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), para servir os interesses geoestratégicos, políticos e económicos das potências mundiais, ou seja, os Estados Unidos da América e a URSS, criando dois estados: em primeiro lugar a República da Coreia, mais conhecida como, a Coreia do Sul; em segundo lugar a República Popular Democrática da Coreia, que é referido como a Coreia do Norte. Desde a sua divisão, esta área do mundo tem sido das zonas mais problemáticas do mundo, colocando-se sempre a possibilidade de uma futura reunificação.
Com
o cessar da Guerra Coreana (1950-1953) a principal prioridade destes países era
consolidar e legitimar o seu governo no espectro internacional, daí serem
recorrentes certas hostilidades. Durante a década de 90 a Coreia do Norte veio
a aprofundar a crise económica que sofria desde há uns anos, e de facto a
Coreia do Sul interveio de forma cooperativa para com este país resolvendo
algumas questões socioeconómicas o que possibilitou uma reaproximação entre os
dois países.
Em
1998, quando o presidente Kim Dae-Jung formula a sua política face à Coreia do
Norte que ficou conhecida como a Sunshine Policy, é uma política
externa que durou cerca de 10 anos e que consistia em uma “proactive
policy to induce incremental and voluntary changes in North Korea for peace,
opening, and reform through the patient pursuit of reconciliation, exchanges,
and cooperation.”, o seu objetivo é claro e conciso,
ou seja, pretende-se deixar as bases para uma reunificação pacifica entre os
dois estados.
Pode-se
afirmar acerca das relações inter-coreanas existem duas grandes correntes que
circulam dentro da política externa da Coreia do Sul, sendo que a primeira
propõem o afastamento definitivo da Coreia do Norte e em simultâneo manter a
aliança com os EUA, enquanto que a segunda corrente afirma que se deve
permanecer em “diálogo
com o país, a fim de resolver as pendências entre ambos e aumentar a autonomia
do país em relação aos EUA”.
A
presença dos Estados Unidos da América na península Coreana é um dos fatores
que mais contribui para a prolongação da crise que a mesma enfrenta. Em relação
à questão nuclear, que é das questões com mais relevância e importância dentro
da agenda internacional, os Estados Unidos são completamente a favor do
abandono inteiro e total deste programa. Todavia, é necessário relembrar que a
Coreia do Norte está rodeada por estados com poder nuclear, e devido à sua
política isolacionista, o procedimento correto é reforçar os meios bélicos de
forma a estar sempre preparado e como forma de diminuir a presença americana.
O
presidente sul-coreano atual, Moon Jae-In, possui um objetivo que é bastante
claro e óbvio, que pode ser concretizado através de diplomacia intensa que é o
seguinte: “inter-Korean
reconciliation”. De acordo, com a sua ótica, para
alcançar o seu objetivo não precisa de manter obrigatoriamente o acordo nuclear
imposto pelos Estados Unidos. O sucesso desta política externa sul coreana é
baseado na crença que Pyongyang irá começar a priorizar o crescimento
económico, em vez dos seus programas nucleares.
Contudo,
será muito difícil de se concretizar, devido a três motivos: O primeiro motivo
prende-se com a dependência a Coreia possui nos Estados Unidos; O segundo
motivo relaciona-se com o facto de os Estados Unidos querer terminar com
quaisquer projetos nucleares existentes ou futuros; Em último lugar, enquanto
os americanos não retirar as sanções económicas sob o regime norte coreano, que
é um dos grandes interesses deste, Pyongyang não irá aceitar quaisquer
propostas de desnuclearização enquanto não possuir um alívio económico.
Tendo
em conta, que nem a Coreia do Norte nem os Estados Unidos, vão pôr de lado os
seus respetivos interesses nacionais, cedendo um pouco às exigências do outro,
a Coreia do Sul tem uma excelente oportunidade para conseguir estabelecer um
papel definidor e importante, em assuntos que influenciam o seu quotidiano.
Deste modo, a Coreia do Sul deve-se tornar num intermediário na mesa, nas
futuras conversas entre Washington e Pyongyang. No entanto, com esse cargo tem
uma tarefa praticamente impossível, que é tentar que estes dois estados voltem
a entrar num período de “reopening
negotiations”.
A teoria do realismo das relações internacionais, é uma teoria clássica, e é a que mais se adequa ao caso em estudo, pois a teoria apresenta uma versão “pessimista da natureza humana” com ”busca pelo poder” e no qual “oconflito é uma constante”, ou seja, devido aos estados envolvidos neste conflito- Coreia do Sul, Coreia do Norte e Estados Unidos da América- não cederem às exigências uns dos outros, uma vez que, não está de acordo com os interesses nacionais, apesar das várias discussões que os estados têm vindo concretizar. Isto comporta consequências como o prolongamento do conflito existente, agravando cada vez mais a situação quotidiana tanto dos norte coreanos, onde a regra são atrocidades à humanidade, como dos sul-coreanos que vivem em constante medo e incerteza de um possível período de guerra nuclear que comporta implicações para os restantes estados do Mundo.
Posto
isto, um dos temas mais abordados e de grande interesse dentro das relações
asiáticas e internacionais relaciona-se com uma possível reunificação da
península coreana. Porém, é muito improvável tal acontecimento devido a
diversos fatores como por exemplo a sua relevância geopolítica, a conturbada
história desta península e convergência dos interesses das potências mundiais
sob este território, que teria mais a perder do que a ganhar com uma
reunificação. Não obstante, ambos os estados coreanos utilizam esta narrativa
da reunificação na sua agenda política de modo a manter as potências sempre a
prestar atenção e a ter cuidado com esta zona geográfica.
Fonte da Imagem: Stephane Peray (https://www.mercurynews.com/2018/04/28/cartoons-north-and-south-korean-leaders-come-together-in-historic-meeting/)
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