Avançar para o conteúdo principal

A dimensão internacional do conflito em Cabo Delgado - OLÁVIO SILVA

                       
 

Desde 2017, vive-se um enorme drama no norte de Moçambique concretamente na província de Cabo Delgado.

Esta região, tem sido palco de ataques terroristas jihadistas que se têm intensificado nos últimos anos. Mais de 500 mil pessoas foram atingidas de alguma forma ou deslocadas, com 1000 mortos ou mais, e milhares de pessoas tiveram de deixar para trás o pouco que ainda tinham para fugirem à violência e morte.

Esses grupos extremistas que  agem no norte de Moçambique concretamente na região de Cabo Delgado,  que também é palco de grandes investimentos externos em produção de gás.

 É uma zona  repleta de mineiros, porque fazer uma guerra justamente ali? Há algumas coisas por trás disto. Quem financia o armamento? Como eles nunca foram encuralados? São perguntas pequenas que ninguém faz.

A Revolução de 1975 manteve laços estreitos com a União Soviética até seu declínio total a ascensão dos interesses chineses na economia de todo o continente não podem estar relacionados a essa instabilidade na região? Um outro elemento tem que ver com outros grandes produtores de petróleo não contemplados no negócio de Cabo Delgado –  China, Rússia, entre outros: teriam ou não interesse em desestabilizar o País como forma de reivindicar o seu «pedaço do bolo»?

A China de novo movendo as peças do xadrez internacional! As ligações entre  a Russia e a China já são bem conhecidas nos xadrez africanos.

Nos últimos três anos, essa província (Cabo Delgado) registou 500 ataques atribuídos ao grupo terrorista auto-proclamado Estado Islâmico. Só no ano passado, Moçambique registou mais de 400 mil pessoas deslocadas. O conflito no norte do país ganhou uma dimensão internacional.

Dos cerca de 500 ataques que foram realizados nos últimos três anos, mais de dois terços dos ataques realizaram-se no ano de 2020. O conflito em Cabo Delgado e o escalonar e a dimensão internacional deste conflito aconteceu no ano passado e foi um dos momentos chave de 2020. Também vale a pena falar da presença dos ocidentais no País  (Moçambique).

Como já tinha referido, Cabo Delgado é uma província rica em recursos naturais e minerais. Esta riqueza que se reflecte em grandes investimentos e novas dinâmicas económicas e sociais atrai todo o tipo de interesses, desde criminosos transnacionais, investimentos Ocidentais à islâmicos radicais visando comprometer os interesses dos Estados Ocidentais. A presença de grandes investimentos ocidentais no território nacional é provavelmente das causas mais emergentes do terrorismo em Moçambique. Primeiro pela questão do timing e segundo pela natureza de conflitos que emerge com a existência de recursos naturais num determinado Estado. Primeiro, se atentarmos ao timing em que o grupo começa a se formar e inicia as suas actividades, é de se notar que coincide com as actividades de prospecção de gás, a comunicação do potencial do país e o anúncio das decisões de investimento na Bacia do Rovuma por parte de empresas Ocidentais a partir de 2015 e que vem se fortalecendo em 2017.

Pela tese de Importação Involuntária do Terrorismo pode-se concluir que, as redes globais de terrorismo, despertando para a possibilidade de comprometer os interesses Ocidentais, decidiram se instalar em Moçambique, porque o terrorismo islâmico radical se fundamenta no combate aos valores Ocidentais.

Também é de louvar o atitude de portugal que tiveram para com o povo moçambicano, aquilo mostra um gesto de solidariedade e de carinho. A tal problemática foi discutida na união Europeia por primazia portuguesa trazendo o assunto a discussão de forma breve e com a devida importância.

 E para finalizar, para evitar esses tipos de situações  exige um Estado forte em termos de segurança e de políticas económicas e sociais eficazes. Porém, a questão fundamental não é saber o que poderia ou deveria ter feito um Estado moçambicano, a quem se desvelou o livro branco da existência de recursos naturais, depois de 16 anos de uma guerra pilotada do exterior, que desestabilizou o País, enfraqueceu o Estado e destruiu as poucas infra-estruturas, inclusive as áreas produtivas e de formação. O problema é como remediar, como inverter o cenário, como parar a guerra, evitar o desmembramento do País e tirar proveito das migalhas dos dividendos do petróleo para ajudar à sobrevivência do País.

Fonte da imagem:  https://pinnaclenews.net/estado-islamico-assume-cerca-de-mil-mortes-do-conflito-em-cabo-delgado/?fbclid=IwAR22AA9lGdD3zXfqRIAlskvodwe6RzGa5tktwBR4r_CAnl4KM7rNVcMkW7M

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A importância das relações de Portugal com os PALOP e com a CPLP no panorama internacional

FILIPA RIO MAIOR  aborda as relações de Portugal com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e com a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a importância que as mesmas tiveram (e ainda têm) no panorama internacional.     

Portugal e a extensão da ZEE, os novos descobrimentos ou o novo mapa cor-de-rosa? por Filipe Galvão

  Filipe Galvão analisa a  tentativa de expandir a Zona Económica Exclusiva (ZEE) por parte de Portugal e da sua diplomacia, como forma de aumentar a sua influência geopolítica através da via legal e da política externa, será aceite pela comunidade internacional? Até porque como afirmou outrora Napoleão “A política dos Estados está na sua geografia”.

Apresentação

       Tabuleiro de Xadrez é um blogue sobre política externa, desenvolvido pelos alunos do 3º ano da licenciatura em Ciência Política do ISCSP, no âmbito da Unidade Curricular Laboratório II – Análise de Política Externa, sob responsabilidade da docente Andreia Soares e Castro.