Esse é o panorama da primeira
fase, após a eleição de Joe Biden, após os danos causados no passado, isso tudo
no contexto atual. É o primeiro choque onde são apontados os pontos
convergentes e divergentes. A segunda fase é mais benigna, dá-se uma mudança de
panorama em que os Estados Unidos poderão ajudar a UE a amadurecer a sua
política internacional. Aqui fica comprovada a relevância da relação
transatlântica, e o porquê de ser necessário que essa relação recupere a sua
estrutura e confiança. As opiniões
europeias sobre os EUA e a sua liderança têm declinado continuamente ao longo
do tempo, e com a administração do antigo presidente dos EUA, Donald Trump a
situação agravou-se, ao ponto de os alemães ficarem divididos entre os EUA e a
China como seu parceiro preferido.
O mundo pós-pandemia vai impor à Europa e aos
EUA a responsabilidade de promover a saúde como bem comum global, e de
contrariar o impacto da recessão económica nos países de baixos rendimentos.
Ambos os atores no caso, nos seus países, abraçam uma economia verde e digital
como forma de renovação, ou seja, partilham das mesmas visões para o futuro.
Na sua agenda o Presidente Joe
Biden inclui a cura das divisões de polarização e as deficiências democráticas
da América. O Estados europeus e a UE também enfrentam os retrocessos
democráticos e pela ascensão do autoritarismo e do populismo. Torna-se
necessário que os Estados Unidos e a Europa reformem vigorosamente as suas
democracias para contrariar o atrativo do modelo autoritário. Uma agenda partilhada que proporciona muitas
oportunidades para dar um novo valor à cooperação do outro lado do atlântico,
mas independente de qual seja a visão para o futuro, a UE precisa reforçar o
seu empenhamento internacional e assumir a responsabilidade. O transatlântico e
a autonomia estratégica não são mutuamente exclusivos.
Dadas as atuais circunstâncias de
Pandemia, no âmbito da saúde pública global, a luta contra o coronavírus e a
reforma da Organização Mundial de Saúde, é uma oportunidade única para
demonstrar responsabilidade e solidariedade na distribuição de vacinas e
prevenir a politização da saúde pela China e Pela Rússia no mundo em
desenvolvimento. Outras instituições internacionais estagnadas também podem
obter um impulso, como é o caso da Organização para a segurança e a Cooperação
na Europa, a Organização Mundial do comércio e a NATO.
Para que a relação entre estes
dois atores funcione e prospere são necessários esforços de ambas as partes. No
caso dos Europeus, podem agir rapidamente para criar um contexto que permita o
regresso dos EUA ao acordo nuclear Iraniano de 2015, apesar da política de
terra queimada das últimas semanas da administração Trump. É necessário
beneficiar a administração Biden com um voto de confiança. Muito se perdeu com
a administração Trump, é necessário uma cooperação e confiança para ultrapassar
os danos e prosperar. Biden não só voltou a juntar-se ao acordo, como também declarou
um compromisso de trabalhar em iniciativas de não proliferação e controlo de
armas. Essas são áreas que poderiam contar com o apoio dos Estados Europeus.
A UE deve aproveitar os seus
pontos fortes como o seu papel global e de normalização, o seu poder económico
e a sua rede diplomática de representações da UE e dos Estados- Membros em todo
o mundo e em instituições globais. Salientar os pontos fortes irá mostrar como
pode ser vantajoso a sua cooperação, torna a EU um parceiro mais atrativo para
a cooperação.
Outra estratégia que a UE pode
seguir é tornar mais flexível e ágil os formatos de cooperação, dado que os
seus mecanismos podem ser complicados para terceiros. EUA e Reino Unido são os
dois parceiros mais próximos da UE, apesar dos descarrilamentos de Trump e do
Brexit, mas mesmo assim exigirá que a UE esteja unida enquanto opera em
formatos flexíveis. A UE tem um fator em falta, que uma melhor capacidade de
unidade, face a isso a UE deve adotar uma estratégia para melhorar essa falha,
que no caso seria, debates inclusivos para os países mais pequenos da União Europeia,
enquanto esta estiver a ser representada pelos seus maiores Estados-membros em
reuniões internacionais.
O ideal é uma cooperação com esforços
de ambos os atores, EUA e UE. A diplomacia dos EUA pode atuar no caso dos
países que têm o comum objetivo de enfraquecer a influência europeia e
norte-americana. Esses países são nomeadamente, Israel, China, Rússia, Arábia
Saudita e Turquia, e têm tido sucesso a realizar esse objetivo com recursos
militares e híbridos. Apesar de neste ponto a diplomacia norte-americana poder atuar
mais, exigirá que a Europa mantenha a Rússia à distância e forneça liderança no
Mediterrâneo Oriental e na Líbia. Desse mesmo modo, os aliados transatlânticos
convergirão para a necessidade de manter a relevância da NATO, ao mesmo tempo
Washington espera que os membros europeus da NATO assumam uma maior parte dos
encargos com a defesa.
A União
Europeia e os Estados Unidos, formam a espinha dorsal do ocidente, e a
Europa é o parceiro júnior, daí os apelos a uma maior autonomia da EU serem
recebidos com ceticismo por parte dos atores de ambos os lados do Atlântico, que
consideram prejudicial para a relação União Europeia e Estados Unidos,
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