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“A estrutura Construtivista" de Confúcio: As bases do Império do Meio

 

JOÃO SILVA afere a importância da estrutura e da filosofia Confuciana, enquanto maior preponderante do Estado e do Pensamento Chinês, e como esta nos informa do seu presente e da sua direção futura. Tal como a imagem ilustra Confúcio, imortal e central num templo em Shanghai.

Vários teóricos enquadram o século XXI como sendo o século asiático, devido às mudanças na estrutura e na ordem de poderes na esfera internacional, como Kishore Mahbubani refere, onde tal mutação é liderada pela China, o ancião Império do Meio, que vem conquistando um espaço central nas recentes discussões e as mais diversas análises nos holofotes internacionais.

Este breve ensaio visa ilustrar, as características que compõem a política externa chinesa e as mudanças que tal impacta no sistema Internacional, num sistema também marcado pela instabilidade dos efeitos da pandemia do Covid-19, efeitos ainda em breve equação, mas que se transpõem como um terramoto em que as suas réplicas aceleram os avanços da História.

A temática então que representa esta análise é a ideologia confucionista vital para a sociedade estando em linha com, ou como sendo preponderante para as teorias construtivistas tal como Rey Koslowski, John Ruggie e Friedrich V. Kratochwil ilustram.

Podendo também referir outro aspeto que interliga estes dois pontos, Stephen Walt refere que na contemporaneidade do paradigma construtivista, tal interpreta as ações na ordem internacional, como desenvolvendo-se para além de fatores materialistas, como a procura por poder, segurança e fatores económicos, como tradicionalmente os realistas referem. Ou seja,  os construtivistas como Wendt, referem que  os atores movem-se também por questões de segunda ordem, a identidade social, a ideologia das elites dominantes, e as normas coletivas que compõem as diferentes sociedades e seus cidadãos.

Então o confucionismo, ele também construtivista, apresenta-se então como a matriz que define a sociedade chinesa, a sua base desde um passado milenar, e é este olhar para o passado, que demonstra o eco e reflexo do mesmo, e como este marca o seu presente e constrói o seu futuro.

Tal como o Prof. Rana Mitter refere, a China talvez seja mais a sociedade mais consciente de sua própria história do que qualquer outra no mundo. Só mergulhando nesta é que se constata a sua forma de comtemplar tal mundo.

Confúcio ou King Fu-tzu, foi um filósofo do século VI A.C, e faz exatamente o mesmo que foi referido acima, como o próprio escreve nas primeiras páginas de sua obra os “Analectos”, este dedicou-se ao Antigo, compilando as tradições culturais de um povo, de forma a responder ao caótico período a que este viveu. Partiu em busca dos costumes, regras e práticas que possibilitaram a harmonia de tempos antigos, até nas lendárias dinastias e nos seus míticos imperadores. O seu conjunto de ensinamentos discute questões como a Hierarquia, Tradição, Ética, Educação, Instrução e Ordem, bem como outros vastos fatores filosóficos e políticos.

 Com a difusão das suas ideias pelo vasto império, e reunindo uma legião de cerca de 3000 discípulos, este alcançará lugar cimeiro na identidade e no pensamento coletivo chinês, sendo este apelidado como o Grande Mestre ou o Primeiro Professor, como já citado, não por este ser o Primeiro Professor, mas pelo poder que detém por mais de 25 séculos como a base, o corpo, a lei que define o Estado e a sua filosofia em que este atua.

As elites chinesas acabaram por tomar sua filosofia como base para seu pensamento e para reger a política imperial, avaliando também os desígnios e qualidades de funcionários públicos do império, com testes sobre a ética, arte e outros princípios confucianos. A vitória da escola Confuciana e seus princípios, sobre as “100 escolas de pensamento”, a idade de ouro da filosofia Chinesa e tal como Gandhi sobreviveu a Nehru, Confúcio sobreviveu a Mao e à sua revolução cultural, mantendo a sua contemporaneidade e vital em estado de constante evolução tal como a potência Chinesa.

A sua influência “Construtiva e Duradoura” é comparada a Sócrates ou Maquiavel na filosofia e pensamento político ocidental, sendo a ideologia que mais se aproxima do princípio do “Rei Filósofo”, da eficácia, da hierarquia, e demonstra a importância das regras do convívio social e político dentro da sociedade que possibilitou a permanência de uma das mais antigas civilizações e o seu império, o influenciando na sua racionalidade, nos seus discursos e como este se aproxima de seus objetivos, um excelente exemplo de como a política interna e externa estão em constante interligação.

É impressionante o poder que a matriz confucionista detém, nas preferências diplomáticas na política externa desde o uso do Soft e Sharp Power, até à própria evolução e definição dasRelações Internacionais no Império do Meio, até durante o domínio Mongol manteve-se a matriz com a mesma eficácia que os próprios Chineses.

O fenómeno social confuciano, muda para sempre o pensamento do extremo oriente asiático, também em países como a Coreia, Vietname e o Japão, possibilitando o retorno da hegemonia asiática na ordem internacional, como um ciclo, revelando a importância de perceber o passado e o poder que este detém. Sendo este um dos limites apresentado à metateoria social Construtivista

Fonte da Imagem: https://cdn.britannica.com/s:800x1000/18/189918-050-3F1FA377/statue-temple-Confucius-China-Shanghai.jpg

Outras fontes consultadas: 

Courrier Internacional- Fevereiro 2021; 

Visão nº 1447-26/11/2020- 2/12/2020;

A essência das "Religiões" - Livro nº 3 - Confucionismo e Taoísmo;












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