Olávio Silva análisa como a China explora pesca em África de forma “oportunista”,
as frotas chinesas aproveitam-se da má gestão das águas africanas e abusam da
exploração dos recursos pesqueiros do continente.
A pesca é um modo de vida na África Ocidental. Mas
cada vez mais as grandes frotas de barcos chinesas e de outras paragens
longínquas apanham grande quantidades de pescado. E deixam pouco para os
pescadores locais, como na Guiné-Bissau.
Não se devem apenas aos chineses os problemas que temos na África Ocidental. Infelizmente, os media tendem a focar-se nestes, mas o que se passa é que África é um bolo em que cada um quer levar o seu pedaço.
A África ocidental é uma das regiões mais ricas do mundo em termos de biomassa e biodiversidadde. Por exemplemo, os 1,5 milhões de quilómetros de área marítima da Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Cabo-Verde, Mauritânia, Gâmbia, Senegal e Serra Leoa (que integram a Comissão Sub-regional de Pescas) representam cerca de um quinto do total de capturas mundias. Todos estespaíses partilham, em diversos graus, características comuns, tanto no planoambiental como no plano cultural. Muitos destes países beneficiam das influências de afloramentos costeiros upwelling, correntes que geram uma alta produtividade da vida marinha. A maioria tem um litoral ladeado de mangais que prestam numerosos serviços às comunidades da zona costeira. Estes países partilham espécies migradoras de mamíferos marinhos, de aves ou de peixes que constituem um património comum. Também compartilham formas de viver e de explorar os recursos do litoral e estão confrontados com as mesmas problemáticas ligadas à pobreza, à saúde, à educação e, num outro nível, ao planeamento urbano, à poluição, à degradação dos recursos naturais e ao património cultural.
Mas a falta de um organismo de gestão dos
recursos pesqueiros compromete a
sustentablidade ambiental e económica das pescas nesta área, sujeita a um
enorme pressão de frotas inustriais estrangeiras. “É uma área muito alargada e
com poucos meios para assegurar a vigilância”. As frotas chinesas adotam “práticas
erradas” de pesca ilegal, não declarada ou não regulamentada, mas o mesmo fazem
outros países europeus, houve várias denuncias. Aproveitam as fragilidades dos
sistemas de gestão de pescas em África para fornecer os seus mercados e agem
como se fosse “terra de ninguém”. As
estimativas são difeceis de imaginar, perda de dois mil milhões de dolares em
rendimento para África ocidental para além de três mil emprego trata-se de
combinação de de corrupção de falta de procedimento e de muitas actividades
ilegais desses barcos estrangeiros. Muitas fontes a China como sendo uma maior
presença na África ocidental de acordo com o recente artigo de New York Times, muitos dos návios
chineses são tão grande que conseguem capturar tantos peixes num mês, como os
barcos senegaleses apanham num ano. É um facto que na Guiné-Bissau não há meios
suficiêntes para fiscalizar mares , sendo assim, os barcos podem entrar e sair,
operando serviços ilegais sem serem detectados
pelas autoridades guineeses (Guardas-Marítimas).
Tentando criar
uma frente unida contra a pesca ilegal, EUA, UE e outros 44 países,
concluíram um acordo/protocolo de barcos de pescas, inspeções portuários de
pescado e multa para violadores, o acordo entrou em vigor em 2016 mas a China não assinou,
enfraquecendo assim a capacidade do pacto de proteger a fauna marítima.
De 13 em 1985, o número de navio de pesca compavilhão chinês ou propriedade de empresas chinesas aumentou para 462 em 2013,refere a organização ambiental. Em oito anos, a organização não-governamental
identificou 114 casos de pesca ilegal realizados por aqueles navios em águas da
Gâmbia, Guiné-Conacri, Guiné-Bissau, Mauritânia, Senegal e Serra Leoa. Aqueles
navios estavam a operar sem licenças ou em áreas proibidas. A pesca ilegal foi
denunciada pela Greenpeace e pela União de Coordenação de Operações de
Vigilância da Comissão regional de pescas, com sede em Dacar. Segundo a
organização, 60 daqueles casos estão relacionados com a maior empresa de pesca
da China, a China National Fisheries Corporation, detida pelo Estado chinês.
“Apesar do governo chinês estar a eliminar algumas práticas de pesca mais
destrutivas nas suas águas, as lacunas nas políticas existentes conduzem à
aplicação de normas menos rigorosas em África”, lamenta em comunicado a
organização. Questionado pela agência noticiosa AFP, um responsável da empresa
estatal de pescas chinesas recusou responder.
Fonte da imagem: https://paginaglobal.blogspot.com/2012/01/dois-barcos-de-pesca-chineses.html
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