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DIOGO LOPES alega que as eleições de 2020 foram as eleições americanas mais importantes da década, sendo que esteve em jogo o futuro da Democracia Americana, assim como uma última chance de recuperar as relações com a Europa e o resto do Mundo.
A administração Biden simboliza o fim de quatro anos de relações muitos tensas entre a UE e os EUA, desde ataques a algum dos líderes europeus, ao apoio de partidos e de governos eurocéticos de extrema direita. À escala global, proporcionou diversas situações delicadas, fazendo o mundo suster a respiração, como foi o caso da insistência em mover a embaixada dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém.
Desde a campanha eleitoral, que Trump se destacou como um profundo realista, porém o seu lema “America First” onde os Estados Unidos iriam deixar de sacrificar os seus interesses para benefício de outros Estados, acabou por se verificar impraticável sem alianças e acordos comerciais e em alguns casos, sem organizações internacionais. Daí se concluir que a sua ideia de “America First” não pode significar “America Alone”, mas sim a necessidade de fortalecer as relações entre os Estados Unidos da América e os seus Estados parceiros.
Em Biden, os líderes europeus veem um defensor das relações transatlânticas, e alguém que acredita que, alianças e parcerias permitem magnificar o poder dos Estados Unidos da América. Para além disto, é considerado indesejável e inexequível reconstruir as práticas anteriores à administração Trump, mas sim construir algo novo e melhor, através de uma abordagem multilateral.
É importante destacar que as políticas populistas de Trump eram como o próprio nome indica populares, porém promoviam um maior desequilíbrio das relações económicas mundiais, como foi o caso do acordo com a China sobre as trocas comerciais. Mesmo que a nova administração considere estas políticas um retrocesso para o equilíbrio económico mundial, Biden não pode simplesmente fazer um retrocesso que prejudique economicamente a América, uma vez que isso iria torná-lo impopular e consequentemente pôr em risco a sua administração, para além de destabilizar internamente a América.
Na verdade, nos últimos dias da Presidência Alemã do Conselho da União Europeia, a União Europeia e a China concluíram negociações sobre um Acordo Compreensivo de Investimento. Este novo acordo, veio complicar uma possível política transatlântica comum em relação à China, uma vez que beneficia as empresas Alemãs e simboliza uma luta pelos interesses europeus, ainda que estes não sejam os mesmos que os dos Estados Unidos.
Ainda que os países europeus estejam contentes com o retorno ao poder de alguém com capacidade para estabelecer abordagens inteligentes e civilizadas para os assuntos mundiais, algo crucial para gerir os desafios do século XXI, é importante perceber que isso não significa que os problemas sejam de fácil resolução. Isto é, ainda que a administração Biden represente uma vontade para trabalhar com aliados e com instituições multilaterais, medidas efetivas apenas irão surgir com tempo e paciência.
É importante destacar ainda que o primeiro dos sete pilares da sua política externa é o retomar das relações transatlânticas, e assim promover o ressurgimento do verdadeiro conceito de Ocidente, associado à promoção e proteção do regime democrático. Deste modo, do meu ponto de vista, é percetível que a administração Biden valoriza as relações entre os Estados Unidos e a União Europeia.
“A moralidade nas relações internacionais só pode ser encontrada na alma de líderes estatais justos, que em circunstâncias internacionais complexas agem, não por malícia ou ódio, nem por ganância ou interesse próprio, mas que encontram um caminho para a paz compatível com os interesses das suas nações e das restantes” (William S. Smith).
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