No século XX, o continente Africano conseguiu pôr fim à independência do domínio das potências mundiais com o fim da colonização, mas nunca teve realmente liberdade das influências ocidentais e das grandes potências mundiais da época. Atualmente, África é novamente um palco de competição, exploração e influência das atuais potências mundiais, principalmente pelos Estados Unidos (EUA), a China, a Rússia, países Europeus e do Médio Oriente.
Desde 2005 que a América tem vindo a aumentar a sua presença militar no continente africano, reforçada pelo estabelecimento da AFRICOM (Comando Militar dos EUA em África).
A administração
Trump viu uma oportunidade de tentar ajudar o povo africano e, ao mesmo tempo,
reforçar a sua estratégia de segurança e defesa. A estratégia
americana nacional de segurança em África consiste no exercício de soft power sobre estes Estados, persuadindo-os, através da oferta de bens e serviços aos
mercados africanos de modo a ajudar as suas comunidades e promovendo a
competitividade com os produtos Chineses, que têm vindo a dominar o mercado
económico de Estados africanos, gerando lucro para os EUA. Torna-se visível que
o principal interesse americano não é o altruísta de ajudar as comunidades que
precisam, mas sim a competição, mais uma vez, com o seu principal rival a nível
mundial, a China.
Os EUA são um ator internacional
de grande poder e influência. Em África, um continente cujos Estados são imensamente
propensos a influências externas principalmente devido às instabilidades
políticas, económicas e sociais, este tipo de agentes consegue exercer uma
grande influência, nomeadamente alterar as suas capacidades internas, o que
neste caso foi um dos objetivos. Através da utilização de sanções positivas,
neste caso o fornecimento de equipamento e treino militar para combater a insurgência
de organizações extremistas e terroristas em Estados Africanos, os EUA conseguem
atingir o seu principal interesse sem ter que recorrer a instrumentos violentos
de política mais diretos. Tendo como bónus a detenção de poder sobre os Estados
africanos, através de intervenção económica e política, pela oferta de recursos
que estes realmente necessitavam para se defender.
Todo este interesse no
continente, trouxe a atenção de mais atores de grande peso internacional, como
a Rússia, países Europeus e do Médio Oriente. Todos estes têm
vindo a disputar espaço e licenças para bases militares em Djibouti, que já
alberga bases americanas e chinesas.
Não obstante dos esforços dos EUA
para estabelecer a sua presença no mercado africano e perturbar a influência chinesa. Muito antes destes intervirem, a China já se instituíra como o maior
parceiro comercial do continente Africano ao aumentar a indústria mineira e de
petróleo em troca de acordos comerciais e investimentos lucrativos. Ainda
que uma larga porção da população africana veja a presença chinesa como um
benefício, as práticas controversas e as baixas condições laborais levam a que
os mercados africanos estejam mais recetivos a parceiros e investimentos
alternativos, como o americano.
De acordo com a narrativa do departamento
de defesa americano, a sua principal missão no continente Africano é o aumento
das capacidades de defesa dos Estados africanos para ações de paz e a
estabilidade nacional, uma delas passando pela deslegalização de Estados
Islâmicos e os seus ramos operacionais em África. Reforçando que este aumento
de segurança nacional é em favor e respeita os direitos humanos e o Estado de
Direito. Contudo, de uma perspetiva objetiva e realista, note-se que os regimes dos
Estados Africanos nem sempre são os mais estáveis e seguros. Logo, tal armamento
e treino militar que os EUA oferecem, poderá vir a ampliar os atritos existentes
dentro das comunidades e entre comunidades em África ao invés de promover a paz
nacional.
Os EUA apresentam-se como os
libertadores de África dos negócios mais ilegítimos que a China oferece e com
que tem dominado o continente até ao momento, assim como dos negócios corruptos
que a Rússia tem vindo a oferecer em troca de votos na Organização das Nações
Unidas. Afirmando que estes dois países são uma ameaça para o crescimento
económico e a independência de nações africanas.
Apesar de todo este interesse demonstrado no Continente Africano, a realidade é que este continua a não ser uma prioridade na lista da grande potência americana. E certamente, o povo africano
em maior necessidade, sem acessos a bens e serviços essenciais, não é uma
prioridade para todas estas potências que disputam por influência sobre o continente,
mas o que realmente lhes interessa é a competição entre si, sem pôr em causa o
seu território nacional. Apesar de estas ações em nada se aproximarem das utilizadas
durante o período de colonização, o continente e o povo africano continuam a ser
um objeto nas estratégias mundiais das grandes potências.
Fonte da imagem: https://newz.ug/africas-traditional-devt-partners-eu-china-us-facing-increasing-competition-from-new-players-russia-the-gulf-states/
Comentários
Enviar um comentário