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Como a Águia Americana vai buscar o seu poderio às presas venezuelanas

 


Serão as fações ideológicas dos Estados Unidos da América assim tão diferentes quando falamos de Política Externa? O Caso Venezuelano diz-nos que não. Administrações passam e a Política Externa levada a cabo pelos Americanos continua a ser uma política expansionista, onde este ator procura ser um decision maker (por vias não ortodoxas) e aumentar o seu império através de manipulações, sanções económicas e até invasões. 

Os Estados Unidos da América possuem um historial enorme de relações com os vizinhos da América Latina, e em boa verdade, isto deve-se à sua proximidade e aos recursos que os Estados Unidos da América possuem para ajudar os países que são seus vizinhos, tanto economicamente como militarmente, contudo, não são só os países que recebem esta “ajuda” por parte dos Americanos que ganham alguma coisa. Os Americanos, nesta negociação, conseguem, ao mesmo tempo que demonstram solidariedade e cooperação para o exterior, saciar as suas vontades expansionistas e controladoras que possuem desde cedo.

Os interesses Americanos pelas petrolíferas Mundiais são conhecidas há muito tempo e a Venezuela, como qualquer outro país, não ia escapar. Os EUA reconheceram à Venezuela um potencial enorme no que toca ao petróleo e logo se esforçaram para conseguir obter um pedaço do bolo, tendo assim celebrado vários acordos na época do ditador venezuelano “Juan Vicente Gomez” em que os Americanos importavam bastante petróleo daquele País, então, com esta relação próspera a suceder-se, a Venezuela sempre conseguiu estar do lado do espectador no que toca ao Imperialismo Americano, vendo o que aconteceu no Chile quando Salvador Allende consegue o poder, onde os Estados Unidos fizeram todos os possíveis para impedir que este tomasse posse, interferindo assim nos resultados eleitorais, demonstrando a sua veia anti-socialista e pró-fascista ao impor variadas sanções económicas ao governo de Allende e apoiando mais tarde o golpe militar de Pinochet que fez com que este subisse ao poder, implementando uma ditadura fascista naquele país.

Apesar disto, chegou a altura em que a Venezuela também foi afetada pelo poder imperialista dos Estados Unidos da América, e esta altura foi na era de Chávez.

Chávez, como socialista, colocou-se numa posição que chocava ideologicamente com o imperialismo dos EUA, tendo os EUA levado a cabo imensas “artimanhas” para retirar o poder a Hugo Chavez, incluindo até um golpe militar em 2002.

A Venezuela conseguiu retirar alguma parcela da dependência que tinha dos EUA na parte petrolífera (pois estes eram os seus maiores compradores), assinando acordos na era de Chavez, destacando-se a entrada na MercoSul em 2006. Nesta altura, já os Estados Unidos “suavam” com um governo Socialista tão próximo e a conseguir ganhar maior independência económica, tentando então impor sanções económicas para que os países compradores de petróleo deixassem de comprar à Venezuela, tendo então a finalidade de ter a Venezuela como dependente.

Com o governo Venezuelano e o governo Cubano a negociarem constantemente, os Estados Unidos cada vez mais tinham a preocupação de limitar este governo para demonstrarem o seu poderio ao Mundo, mas, esta posição chegou a um culminar no recente ano de 2019, depois de várias condenações de Obama ao governo de Maduro, chega Trump, que reconhece Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.

Os EUA acumulam neste momento um total de 62 sanções à Venezuela, havendo mais algumas sanções para países que negociem diretamente com a Venezuela e, para completar isto, nos últimos dias recebemos também a notícia de que Biden não iria estabelecer contacto com Maduro, continuando assim a linhagem de Trump no que diz respeito ao reconhecimento de Juan Guaidó como presidente Interino.  

É certo que Maduro segue uma linhagem Chavista, mas até que ponto é viável os EUA continuarem, presidente após presidente, a interferir com a soberania daquele país e também dos outros países que seguem ideologias socialistas? Será o medo de um país soberano e independente de mercados externos assim tão grande que a “Águia Americana” tem que fazer um “voo picado” quando encontra um?

No caso Venezuelano consegue-se entender perfeitamente a política externa extremamente demarcada pelo imperialismo, por parte dos EUA, sendo um presidente Republicano ou até mesmo um democrata mais próximo da esquerda, a interferir com a soberania da Venezuela, estando latente neste ponto os interesses dos Estados Unidos da América em subordinar os países de terceiro Mundo à sua aura de capital, fazendo destes países economicamente dependentes das suas ações, tendo assim vantagem em qualquer decisão ou negociação a nível Internacional que tenham que tomar, pois sabem que sempre que necessário podem usar sanções para coagir estes países a apoiarem posições ou negociações levadas a cabo por eles.

Imprime-se então em todo este cenário o título deste artigo, num Mundo em que a Venezuela (e outros países com menos poder económico) em vez de reter(em) a maior ajuda possível do exterior dada a sua débil situação económica (proveniente, em grande parte, das sanções impostas), é apanhada pelas garras imperialistas dos Estados Unidos da América, sob o pretexto de uma ditadura (relembrando os leitores de que uma ditadura fascista foi apoiada diretamente por este mesmo país no Chile), acabando assim com as aspirações soberanas de um país e demonstrando a política externa impiedosa dos Estados Unidos da América.


Fonte da Imagem: https://ctb.org.br/noticias/opiniao/venezuela-a-guerra-hibrida-desencadeada-pelos-eua-pode-desaguar-na-intervencao-direta/


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