Renata Rocha analisa a escolha feita entre a civilização e a barbárie pelos mestres da guerra do Oeste que em prol da “aliança defensiva” submergem as suas ações numa ameaça à paz mundial.
A organização do Tratado do Atlântico Norte, mais conhecida em Portugal pela sigla inglesa NATO, teve a sua origem a 4 de Abril de 1949, num contexto de pós-segunda mundial e consequente alteração do paradigma internacional, numa visível situação de ascensão da União Soviética como ator principal do contexto internacional e declínio do Oeste.
Foi, desta forma, criada no sentido de conter a expansão soviética, proibir o renascimento do militarismo nacionalista na Europa através de uma forte presença norte-americana no continente e encorajar a integração europeia. Objetivos bonitos mas que falham desde a sua fundação como a suposta defesa de estados democráticos enquanto integrava Portugal como membro fundador sendo que, na altura, vigorava no país uma ditadura conhecida como Estado Novo e, mais tarde, integrou países como a Grécia e a Turquia.
Contudo,
estando na génese da sua organização a resposta a algo que já colapsou, a União
Soviética e o Tratado de Varsóvia, qual a necessidade e a justificação da continuação
da existência desta organização uma vez que anda de mãos dadas com o nazismo e
pouco contribui para a chamada integração europeia?
No seu tratado fundador são proclamados valores como a democracia, a paz, a liberdade, contudo a realidade e as suas práticas têm vindo a contrariar esses objetivos, demonstrando a verdadeira natureza deste bloco político-militar que nada mais é do que uma máquina de guerra a serviço do imperialismo mas, que, através de uma eficaz propaganda continua a alienar o cidadão comum e continua a pregar e a ser vista como algo essencial para a segurança e bem comum.
Sob
a alçada da “aliança defensiva”, por ano os membros da NATO gastam bilhões de euros numa corrida ao armamento, que acabam por resultar em agressões e em guerras contra povos inteiros,
subjugando nações, derrubando governos legítimos e bombardeando países, na
procura do controlo de rotas ou zonas de influencia de forma a alcançar e a
afirmar a hegemonia do poder agressor.
Esta
situação é ainda mais evidente com o plano de fundo pandémico dado que continua
a ser priorizado o intervencionismo, a guerra, o militarismo como confirmou
Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, ao proclamar a necessidade dos
estados-membros em incrementarem os seus gatos militares para os níveis
previstos, isto é, insistir em pelo menos 2% dos respetivos PIB. Estes
crescentes custos militares representam uma séria ameaça à paz uma vez que se
traduzem numa crescente corrida ao armamento e no agravamento das tensões
internacionais.
Também, mesmo com o auxílio constante a países integrantes da NATO, um dos focos centrais do bloco militar é realizar exercícios militares provocatórios contra a Rússia.
O
movimento internacional da paz e o Conselho Português para a Paz e Cooperação
(CPPC) há muito que denunciam esta organização, lançando campanhas e apelando à
dissolução desta aliança belicosa que se resume a realizar ações
intervencionistas que resultam em massacres, demonstrando a ameaça e a guerra como o ónus da
sua política externa e violando, constantemente, o direito internacional,
substituindo o diálogo e a cooperação pela militarização e pela securitização
das relações internacionais.
A
dissolução da NATO é, assim, exigida por todos aqueles que visualizam a realidade tal
como ela é, ao contrário das ingénuas vitimas da boa propaganda ou dos atlânticos
e orientalistas que vêm superioridade no seu modo de vida em relação aos outros
e denunciam os inimigos que ameaçam o seu civilizado modo de vida, justificando
a existência do bloco político-militar para defender e servir de presença
vigilante ao Irão, à Coreia do Norte, a Cuba, Assad, al-Qaida, isto é, tudo aquilo que não se alinha com o imperialismo ocidental é visto como uma ameaça.
Ao
longo dos mais de 70 anos de existência são inúmeros os casos de intervenção da NATO e que servem de exemplo das cruzadas democratizadoras como a invasão ao Iraque e ao Afeganistão sob o pretexto de defesa, a
destruição da Jugoslávia com os bombardeamentos e a dizimação da Líbia que, ainda hoje,
tem mazelas na sequencia da intervenção da NATO.
Em anúncio recente, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, justifica o aumento
substancial de militares no Iraque para garantir o não regresso do Daesh.
Também
a ligação a organizações terroristas e nazi-fascistas é visível desde a glorificação,
através de um filme publicado no Youtube, do grupo anticomunista com origens hitlerianas
e terroristas, Irmãos da Floresta, ao apoio do regimento Azov na Ucrânia que postula a superioridade da raça
branca como sua missão histórica. A irmandade entre a NATO e nazi-fascismos
devia ser incompatível se tropeçarmos na propaganda oficial da organização mas,
mais uma vez, o dito não é feito e os verdadeiros objetivos da NATO são outros.
Em forma de conclusão é necessário sublinhar a importância da defesa dos princípios inscritos na Carta das Nações Unidas e na Constituição da República e exigir a dissolução da NATO, condenando as suas guerras de agressão e os seus golpes de estado e rejeitando uma constante militarização e corrida ao armamento.
As ações e o proclamado pela NATO oscilam entre a civilização e a barbárie, entre a guerra e a paz e entre a cooperação e o conflito, e é o dever dos Estados visualizar a realidade e lutar pela paz e pela soberania dos povos, questionando-se sobre a verdadeira essência desta organização.
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