
SOFIA FERNANDES pondera a formação de uma relação forte entre a Alemanha e os EUA, sob a ameaça russa e chinesa, atendendo às declarações de Heiko Maas, Ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, e as relações da Alemanha com a Rússia e China.

O ano de 2020 ficou marcado, na Alemanha,
pela pandemia do Coronavírus, que abarcou consequências económicas e outros desafios
globais como fome, pobreza e desigualdade que se acentuaram, pela chantagem tóxica da Hungria e da Polónia, e
pelas negociações do Brexit repletas de lutas internas do governo de Boris Johnson.
Alemanha, o estado forte da União Europeia, deteve até dezembro de 2020 a presidência rotativa da UE, onde teve a
responsabilidade de acabar com a chantagem da Hungria e da Polónia durante as negociações,
no parlamento europeu para a aprovação do fundo europeu. Estes países, Hungria
e Polónia, adotaram uma retórica de conflito, e deram origem a uma nova crise,
onde a Chanceler, Angela Merkel, teve que
tomar uma posição de modo a acabar com a chantagem, atendendo às limitações
provocadas pelos fortes laços económicos e a influência das empresas alemãs nestes
países.
O ano de 2021 representa um
desafio para a política externa alemã e as suas relações com os Estados Unidos
da América. A política externa alemã prepara-se para responder ao que se aproxima,
o coronavírus, conflitos regionais no Norte de África
e no Médio Oriente, e as questões da mudança climática.
A política externa alemã assenta no pensamento liberal do ocidente, sendo direcionada para a preservação e aprofundamento das relações externas. Uma das mais importantes relações da Alemanha e, por conseguinte, da União Europeia é os Estados Unidos da América que, agora longe da instabilidade do ex-presidente Donald Trump, avizinha uma época de cooperação sob a liderança do Presidente Joe Biden.
Um dos problemas que a política externa alemã enfrenta é a
aprovação do acordo do Brexit, onde os EUA surgem como um aliado dos interesses
da Alemanha, avançando com a afirmação de que um acordo entre Reino Unido – EUA
está sujeita à não violação do Good
Friday Agreement. No entanto esta boa relação entre os EUA e a
Alemanha encontra fragilidades, entre elas as relações com a China. A atração
do mercado chinês para a Alemanha e para a União Europeia gerou respostas impudicas
a problemas como o de Hong Kong.
Foi no termo de Donald Trump, que se gerou uma grande divisão na UE, especialmente devido à tomada de posição da Alemanha em relação à insistência dos EUA para abandonar a tecnologia chinesa do 5G, uma vez que empresas chinesas têm já uma grande presença em projetos europeus o que poderia representar um risco de segurança. O tema da China como ameaça para as relações Alemanha - EUA transparece para o mandato de Biden no seguimento de um acordo, o Comprehensive Agreement on Investment, assinado em dezembro de 2020, pela Alemanha, então detentora da presidência do Conselho da UE, que facilita os negócios com a China e interfere com a intenção Norte Americana de se dissociar da China, vontade essa que já foi reforçada por Kurt Campbell, membro do governo de Biden. Berlim tem a necessidade de impulsionar a UE para um acordo de uma política coerente com a China, e que não interfira com a administração de Biden. Uma frente unida entre EUA e a União Europeia diminui a possibilidade de a China enfraquecer a ligação entre os europeus.
uma outra ameaça às relações EUA e Alemanha é um segundo agente, a Rússia e o apoio de Merkel ao Nord Stream 2, que ligará a Rússia à Alemanha, pelo Mar Báltico, contornando a Ucrânia e permitirá enviar gás diretamente para a Alemanha. Isto foi um problema levantado durante a administração Trump e foi amplamente apoiado, e que permanece na administração Biden, que em 2021 vai estender sanções a empresas que ajudem na construção da conduta de gás, e ainda a quem cede seguros, testes, inspeções e certificação de serviços. O governo alemão criticou esta sanções, sob a inferência de que estas sanções transatlânticas estão a interferir na legislação Europeia a na soberania da Alemanha. Esta posição dos EUA e o comportamento de Donald Trump gerou um sentimento anti-América na Alemanha. Começou a seguir-se uma mentalidade de “A Europa não pode sempre depender dos EUA”, “Os Europeus precisam de tomar o seu destino nas próprias mãos”.
A administração Biden pode não mudar a sua posição nas
matérias do Nord Stream 2 ou na tecnologia 5G chinesa, mas tanto os EUA como a Alemanha tem perceção da ameaça, seja a forma como a Rússia usa a energia ou a China
a tecnologia. Esta ameaça pode ser o fator impulsionante para uma forte relação entre os EUA e a
Alemanha.
Fonte da Imagem: https://www.aljazeera.com/news/2020/11/8/world-responds-to-biden-as-president-elect-live-updates
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